Segurança deixa de ser a principal preocupação de moradores de UPS 26/12/2012 - 13:34
A instalação das Unidades Paraná Seguro (UPS) tem aproximado cada vez mais a população da polícia e mudado a realidade nas regiões. Pesquisas feitas com moradores locais demonstram o resgate da confiança nos policiais e na segurança pública, objetivo principal desse sistema de policiamento comunitário. A segurança também deixou de ser a principal necessidade, segundo os moradores.
Os formulários de visita – pesquisa realizada pelos próprios policiais, nas unidades ou em visitas às residências – estão sendo aplicados há cerca de quatro meses em regiões onde estão as UPS mais antigas. Os questionários buscam avaliar o trabalho dos policiais e identificar as principais demandas e reclamações da comunidade, além de passar orientações de segurança à população.
Na maioria dos locais pesquisados, a segurança já não é mais apontada como a principal necessidade. Cedeu o lugar para áreas como saúde, saneamento e asfalto. O objetivo, segundo a PM, é melhorar o planejamento da atuação dos policiais com base nas informações passadas pela população. As pesquisas também serão unificadas e repassadas a órgãos do poder público estadual e municipal.
“As UPS, diferentemente das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) do Rio de Janeiro, não são uma ação de domínio de território e exclusiva da polícia, mas sim um planejamento de revitalização do espaço comunitário”, explicou o secretário de Estado da Segurança Pública, Cid Vasques.
Segundo ele, a primeira ação da polícia é identificar as áreas de criminalidade, fazer a limpeza dessas áreas, para depois instalar as unidades. “É aí que entra a UPS, com uma filosofia de polícia comunitária a partir da qual os profissionais da segurança estabelecem um contato direto com a comunidade, de modo a constituir uma relação de confiança”, afirmou Vasques.
Já são 12 UPS instaladas pelo Governo do Estado em oito meses. Na capital, são 10 unidades em bairros estratégicos, que apresentavam índices altos de homicídio: Uberaba, Parolin, Sítio Cercado, Cajuru, Tatuquara e Cidade Industrial de Curitiba (quatro unidades). AS primeiras unidades do interior foram instaladas em Cascavel e Londrina.
Algumas UPS, como as do interior, ainda não realizam pesquisas nas residências por serem recentes.
CONFIANÇA – Os formulários de visita apontam que quanto mais tempo de presença da UPS no bairro, maior a confiança da população na polícia. Tanto é que umas das principais preocupações dos moradores é a continuidade do projeto.
A UPS mais antiga, instalada em março deste ano pelo governador Beto Richa, é a do bairro Uberaba, em Curitiba. A região foi escolhida para receber a primeira unidade por ter aproximadamente 80 mil moradores e apresentar um dos índices mais altos de homicídios.
Após quase nove meses de trabalho, a sede da UPS já recebeu mais de 3.500 visitas de moradores que procuraram a polícia para relatar algum crime, pedir ajuda, ou simplesmente agradecer. “A população realmente comprou a causa da UPS e tem nos ajudado muito com dados úteis para a apuração de crimes e também impedindo que outros crimes aconteçam, por esse contato que têm conosco”, disse a tenente da PM Caroline Costa, chefe da UPS Uberaba.
No último relatório do bairro – feito em novembro – foram entrevistados 118 moradores do Uberaba. Desse total, 84% aprovam o trabalho, entre os que acham a segurança do bairro excelente, ótima e boa. Quinze por cento acham a segurança razoável e apenas 1% classificaram como ruim. A avaliação dos serviços prestados pelos policiais militares é ainda melhor: nada menos que 94% dos moradores aprovam (soma dos conceitos excelente, ótimo e bom). Para 5% os serviços são razoáveis e só um 1% consideram ruins.
A maioria dos moradores (98%) disse que houve mudanças para melhor na segurança do bairro após a instalação da unidade. Segundo a pesquisa, a maior necessidade da população hoje é na área da saúde, seguida por esgoto e educação. Segurança pública está em quarto lugar.
A UPS Uberaba conta com 60 policiais e cinco viaturas para patrulha local. De acordo com a tenente Caroline, os homicídios no bairro diminuíram 70% após a instalação. Cerca de 70 pessoas foram presas nos últimos oito meses. O número de roubos na região – crime de maior incidência, segundo pesquisa com os moradores – caiu de 569 em 2011 para 321 neste ano, uma queda de 43,6%, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública.
“A comunidade começa a confiar, vendo que a polícia está aqui e vai permanecer. É importante para eles terem esse contato com o policial, saber o nome do policial, e é isso o que está acontecendo”, destacou Caroline. Segundo ela, todos os policiais que atuam na UPS Uberaba estão ali desde a instalação da unidade. “Já começamos a colher os frutos desta parceria entre a comunidade e a Polícia Militar”, ressaltou.
No início do mês, policiais da UPS realizaram uma festa de Natal para crianças do bairro, com apoio da Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS) e Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) do bairro. Mais de 150 crianças participaram, recebendo brinquedos doados e participando de atividades recreativas.
“Não há como comparar em números. Melhorou muito. O pessoal era assaltado no caminho para o trabalho, nos pontos de ônibus, no comércio. A vinda da UPS mudou esta realidade”, disse o microempresário José Aparecido Dudu da Silva, 52 anos, presidente do Conseg. “Algumas pessoas ainda têm medo dos policiais, mas a maioria delas entende que a polícia é parceira da comunidade”, ressaltou.
CONTINUIDADE – A realidade do bairro Uberaba é visivelmente melhor. De modo parecido, as demais localidades que receberam UPS têm revertido o problema de segurança pública e criado um ambiente favorável à cidadania e o desenvolvimento social da população.
Assim como no Uberaba, no Parolin – segundo bairro de Curitiba a receber uma UPS –, a segurança pública não é mais o principal problema. De acordo com os formulários, as principais necessidades são asfalto, saneamento, saúde e educação. “A Polícia Militar não consegue zerar os índices de criminalidade. Entretanto é possível ter a diminuição desses crimes, e esse é o objetivo da UPS”, afirmou Guilherme Ovçar, oficial da PM, chefe da UPS Parolin.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, o bairro apresenta redução na ocorrência dos principais crimes. Até novembro deste ano, a região teve queda de 33,3% no número de homicídios dolosos. O registro de roubos no bairro caiu 39,6%, em comparação ao ano passado, assim como o número de furtos, que teve queda de 26,1%.
“A segurança melhorou muito. Era muito mais perigoso antes”, relatou a dona de casa Maria Ozélia Sampaio, 48 anos, moradora do bairro há 22 anos. Segundo ela, antigamente havia toque de recolher no bairro por causa dos tiroteios. O Parolin tem hoje com cerca de 12 mil moradores.
A UPS Parolin conta com 32 policiais, um módulo policial e duas viaturas. O atendimento do serviço 190 na região demora, em média, de um a dois minutos, metade do tempo que os policiais gastavam para chegar às ocorrências antes da instalação da unidade.
HOMICÍDIOS – De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública, as regiões de UPS têm registrado, em média, uma queda de 50% nos homicídios. O reflexo desse trabalho é a queda de 15% dos homicídios em Curitiba e região metropolitana, desde a instalação da primeira unidade, em março deste ano.
O número de roubos consumados nesses locais também caiu. Em 2011, foram registrados 2.114 roubos. Até o final de novembro deste ano, este número caiu para 1.656, aproximadamente 22% menor que o ano passado.
Foram pesquisados os seis bairros que receberam UPS na capital – Uberaba, Parolin, Sítio Cercado, Cajuru, Tatuquara e Cidade Industrial de Curitiba (quatro unidades) –, além de Cascavel e Londrina, os primeiros municípios do interior a receberem uma unidade de polícia comunitária.
De acordo com o secretário da Segurança Pública, Cid Vasques, a previsão é que novas unidades sejam instaladas no Estado, assim como novos Módulos Móveis de Segurança, para combater a criminalidade e melhorar a qualidade de vida dos paranaenses.
Os formulários de visita – pesquisa realizada pelos próprios policiais, nas unidades ou em visitas às residências – estão sendo aplicados há cerca de quatro meses em regiões onde estão as UPS mais antigas. Os questionários buscam avaliar o trabalho dos policiais e identificar as principais demandas e reclamações da comunidade, além de passar orientações de segurança à população.
Na maioria dos locais pesquisados, a segurança já não é mais apontada como a principal necessidade. Cedeu o lugar para áreas como saúde, saneamento e asfalto. O objetivo, segundo a PM, é melhorar o planejamento da atuação dos policiais com base nas informações passadas pela população. As pesquisas também serão unificadas e repassadas a órgãos do poder público estadual e municipal.
“As UPS, diferentemente das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) do Rio de Janeiro, não são uma ação de domínio de território e exclusiva da polícia, mas sim um planejamento de revitalização do espaço comunitário”, explicou o secretário de Estado da Segurança Pública, Cid Vasques.
Segundo ele, a primeira ação da polícia é identificar as áreas de criminalidade, fazer a limpeza dessas áreas, para depois instalar as unidades. “É aí que entra a UPS, com uma filosofia de polícia comunitária a partir da qual os profissionais da segurança estabelecem um contato direto com a comunidade, de modo a constituir uma relação de confiança”, afirmou Vasques.
Já são 12 UPS instaladas pelo Governo do Estado em oito meses. Na capital, são 10 unidades em bairros estratégicos, que apresentavam índices altos de homicídio: Uberaba, Parolin, Sítio Cercado, Cajuru, Tatuquara e Cidade Industrial de Curitiba (quatro unidades). AS primeiras unidades do interior foram instaladas em Cascavel e Londrina.
Algumas UPS, como as do interior, ainda não realizam pesquisas nas residências por serem recentes.
CONFIANÇA – Os formulários de visita apontam que quanto mais tempo de presença da UPS no bairro, maior a confiança da população na polícia. Tanto é que umas das principais preocupações dos moradores é a continuidade do projeto.
A UPS mais antiga, instalada em março deste ano pelo governador Beto Richa, é a do bairro Uberaba, em Curitiba. A região foi escolhida para receber a primeira unidade por ter aproximadamente 80 mil moradores e apresentar um dos índices mais altos de homicídios.
Após quase nove meses de trabalho, a sede da UPS já recebeu mais de 3.500 visitas de moradores que procuraram a polícia para relatar algum crime, pedir ajuda, ou simplesmente agradecer. “A população realmente comprou a causa da UPS e tem nos ajudado muito com dados úteis para a apuração de crimes e também impedindo que outros crimes aconteçam, por esse contato que têm conosco”, disse a tenente da PM Caroline Costa, chefe da UPS Uberaba.
No último relatório do bairro – feito em novembro – foram entrevistados 118 moradores do Uberaba. Desse total, 84% aprovam o trabalho, entre os que acham a segurança do bairro excelente, ótima e boa. Quinze por cento acham a segurança razoável e apenas 1% classificaram como ruim. A avaliação dos serviços prestados pelos policiais militares é ainda melhor: nada menos que 94% dos moradores aprovam (soma dos conceitos excelente, ótimo e bom). Para 5% os serviços são razoáveis e só um 1% consideram ruins.
A maioria dos moradores (98%) disse que houve mudanças para melhor na segurança do bairro após a instalação da unidade. Segundo a pesquisa, a maior necessidade da população hoje é na área da saúde, seguida por esgoto e educação. Segurança pública está em quarto lugar.
A UPS Uberaba conta com 60 policiais e cinco viaturas para patrulha local. De acordo com a tenente Caroline, os homicídios no bairro diminuíram 70% após a instalação. Cerca de 70 pessoas foram presas nos últimos oito meses. O número de roubos na região – crime de maior incidência, segundo pesquisa com os moradores – caiu de 569 em 2011 para 321 neste ano, uma queda de 43,6%, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública.
“A comunidade começa a confiar, vendo que a polícia está aqui e vai permanecer. É importante para eles terem esse contato com o policial, saber o nome do policial, e é isso o que está acontecendo”, destacou Caroline. Segundo ela, todos os policiais que atuam na UPS Uberaba estão ali desde a instalação da unidade. “Já começamos a colher os frutos desta parceria entre a comunidade e a Polícia Militar”, ressaltou.
No início do mês, policiais da UPS realizaram uma festa de Natal para crianças do bairro, com apoio da Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS) e Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) do bairro. Mais de 150 crianças participaram, recebendo brinquedos doados e participando de atividades recreativas.
“Não há como comparar em números. Melhorou muito. O pessoal era assaltado no caminho para o trabalho, nos pontos de ônibus, no comércio. A vinda da UPS mudou esta realidade”, disse o microempresário José Aparecido Dudu da Silva, 52 anos, presidente do Conseg. “Algumas pessoas ainda têm medo dos policiais, mas a maioria delas entende que a polícia é parceira da comunidade”, ressaltou.
CONTINUIDADE – A realidade do bairro Uberaba é visivelmente melhor. De modo parecido, as demais localidades que receberam UPS têm revertido o problema de segurança pública e criado um ambiente favorável à cidadania e o desenvolvimento social da população.
Assim como no Uberaba, no Parolin – segundo bairro de Curitiba a receber uma UPS –, a segurança pública não é mais o principal problema. De acordo com os formulários, as principais necessidades são asfalto, saneamento, saúde e educação. “A Polícia Militar não consegue zerar os índices de criminalidade. Entretanto é possível ter a diminuição desses crimes, e esse é o objetivo da UPS”, afirmou Guilherme Ovçar, oficial da PM, chefe da UPS Parolin.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, o bairro apresenta redução na ocorrência dos principais crimes. Até novembro deste ano, a região teve queda de 33,3% no número de homicídios dolosos. O registro de roubos no bairro caiu 39,6%, em comparação ao ano passado, assim como o número de furtos, que teve queda de 26,1%.
“A segurança melhorou muito. Era muito mais perigoso antes”, relatou a dona de casa Maria Ozélia Sampaio, 48 anos, moradora do bairro há 22 anos. Segundo ela, antigamente havia toque de recolher no bairro por causa dos tiroteios. O Parolin tem hoje com cerca de 12 mil moradores.
A UPS Parolin conta com 32 policiais, um módulo policial e duas viaturas. O atendimento do serviço 190 na região demora, em média, de um a dois minutos, metade do tempo que os policiais gastavam para chegar às ocorrências antes da instalação da unidade.
HOMICÍDIOS – De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública, as regiões de UPS têm registrado, em média, uma queda de 50% nos homicídios. O reflexo desse trabalho é a queda de 15% dos homicídios em Curitiba e região metropolitana, desde a instalação da primeira unidade, em março deste ano.
O número de roubos consumados nesses locais também caiu. Em 2011, foram registrados 2.114 roubos. Até o final de novembro deste ano, este número caiu para 1.656, aproximadamente 22% menor que o ano passado.
Foram pesquisados os seis bairros que receberam UPS na capital – Uberaba, Parolin, Sítio Cercado, Cajuru, Tatuquara e Cidade Industrial de Curitiba (quatro unidades) –, além de Cascavel e Londrina, os primeiros municípios do interior a receberem uma unidade de polícia comunitária.
De acordo com o secretário da Segurança Pública, Cid Vasques, a previsão é que novas unidades sejam instaladas no Estado, assim como novos Módulos Móveis de Segurança, para combater a criminalidade e melhorar a qualidade de vida dos paranaenses.