Unidade na fronteira é fundamental no combate ao tráfico 26/07/2013 - 08:39
O Batalhão de Polícia de Fronteira (BPFron) do Paraná, primeiro do País com policiamento específico para atuação contra o tráfico em áreas fronteiriças, comemora um ano nesta quinta-feira (25/07). A existência de uma unidade focada no tráfico, segundo especialistas, aumenta a efetividade no combate à criminalidade, com ações estratégicas, de inteligência e de cooperação.
O sociólogo e membro do Conselho de Administração do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, diz que a criação de um grupo especializado em fronteira aumenta a eficiência no combate ao tráfico pelo conhecimento empregado.
“As fronteiras são pontos-chave para combater a criminalidade. O trabalho deve ser constante, a polícia tem de ser dinâmica, porque esse é um tipo de crime também dinâmico”, diz Lima. “O mais importante é a polícia ter agilidade e capacidade para se articular e trocar informações”, afirma ele.
Segundo o sociólogo, o exemplo do Paraná pode ser seguido por outros estados que possuem áreas de fronteiras com países produtores de drogas, ou que estejam na rota do tráfico. “Esse pioneirismo mostra que o Paraná está dando sua contribuição, sua parcela de cooperação. Pode até induzir outros estados à mesma ação”, diz o sociólogo.
MUDANÇA DE PERFIL – Para o advogado e especialista em criminologia Ataíde Kist, a criação do BPFron mudou o perfil da criminalidade na região oeste do Paraná. Kist, que é professor do curso de Direto da Universidade Estadual do Paraná em Marechal Cândido Rondon (onde está a sede do BPFron), afirma que a rota do contrabando, que antes passava praticamente no meio da cidade, não é mais uma realidade.
“Temos um efetivo policial atuando dia e noite no combate à criminalidade. Isso favorece um melhor controle e mais efetividade no sentido de inibir a prática de atos criminosos. A própria população se sente mais segura, tem mais sensação de segurança”, ressaltou Kist.
COOPERAÇÃO – O BPFron atua em 139 municípios paranaenses localizados na chamada “faixa de fronteira” – próximos da linha fronteiriça com Argentina e Paraguai. As ações são feitas principalmente em áreas de difícil acesso, rotas do contrabando, como estradas rurais e ao logo do Lago de Itaipu – que de norte a sul do Paraná possui mais de 1.300 quilômetros de margem vulneráveis a instalações de portos clandestinos. A principal dificuldade, segundo o comando do batalhão, é blindar totalmente a fronteira.
O sociólogo Renato Lima afirma ser praticamente impossível cobrir integralmente uma região de fronteira. Ele cita como exemplo a fronteira entre Estados Unidos e México. “Com todo o dinheiro que eles têm e todos os recursos tecnológicos disponíveis, a fronteira não é completamente impermeável”, diz Lima. “A saída é aumentar a cooperação, aumentar a capacidade de intercâmbio de informações, estabelecendo critérios comuns entre forças policiais”, sugere.
Para ele, a troca de informações entre polícias estaduais, polícias federais e com forças de segurança de países vizinhos é fundamental para mapear a rota do crime e combatê-lo. “Cooperação regional é o fator central para o desenvolvimento da região da América do Sul e, acima de tudo, é a saída pra que a gente consiga quebrar a espinha dorsal das rotas do crime e da violência”.
Lima elogiou as ações integradas realizadas pelo BPFron e reforçou que cooperação é o ponto crucial para ter eficiência nestas regiões. O BPFron realiza diversas operações integradas. São exemplo as operações Ágata VI e Ágata VII, do Exército Brasileiro; Operação Fronteira Blindada, da Receita Federal; e Operação Nhapecani, da PM do Paraná.
APROVAÇÃO – Os primeiros a sentirem mudanças na segurança foram os moradores da cidade de Marechal Cândido Rondon, a cerca de 580 quilômetros de Curitiba. “A vinda do BPFron foi ótima, porque com isso trouxe mais segurança pra todos nós. A gente acaba tendo mais confiança, mais segurança”, conta Michele Herpch, de 31 anos.
Aposentado há quase 10 anos, Pedro Schulmann, 69 anos, que costuma se reunir com amigos em um botequim na beira da estrada que corta a cidade, disse que nunca viu a rodovia tão tranquila. “O batalhão trouxe sensação de mais segurança”, afirma ele.
Em um ano de funcionamento, o BPFron apreendeu quase duas toneladas de drogas e barrou a entrada de cerca de 5 mil volumes de contrabando, avaliados em R$ 25 milhões. Foram apreendidas, também, mais de cinco mil caixas de cigarros contrabandeados, equivalente a R$ 1,8 milhão. Os policiais cumpriram 24 mandados de prisão, fizeram 101 prisões em flagrante e apreenderam 269 veículos.
Neste primeiro ano de existência, o efetivo policial do BPFron passou de 90 para 119 homens e mais 60 novos policiais serão incorporados assim que concluírem o curso da PM. A frota de viaturas dobrou no último mês, com a entrega de mais dez Pajeros, que são totalmente equipadas para o policiamento em áreas de difícil acesso. A unidade também conta com seis motocicletas, uma van e uma embarcação.
Duas novas unidades devem ser instaladas ainda neste ano para reforçar e descentralizar a cobertura na fronteira: a 2ª Companhia de Fronteira, que ficará em Guaíra, e a 3ª Companhia, que terá sede em Santo Antônio do Sudoeste.
Confira o áudio desta notícia
O sociólogo e membro do Conselho de Administração do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, diz que a criação de um grupo especializado em fronteira aumenta a eficiência no combate ao tráfico pelo conhecimento empregado.
“As fronteiras são pontos-chave para combater a criminalidade. O trabalho deve ser constante, a polícia tem de ser dinâmica, porque esse é um tipo de crime também dinâmico”, diz Lima. “O mais importante é a polícia ter agilidade e capacidade para se articular e trocar informações”, afirma ele.
Segundo o sociólogo, o exemplo do Paraná pode ser seguido por outros estados que possuem áreas de fronteiras com países produtores de drogas, ou que estejam na rota do tráfico. “Esse pioneirismo mostra que o Paraná está dando sua contribuição, sua parcela de cooperação. Pode até induzir outros estados à mesma ação”, diz o sociólogo.
MUDANÇA DE PERFIL – Para o advogado e especialista em criminologia Ataíde Kist, a criação do BPFron mudou o perfil da criminalidade na região oeste do Paraná. Kist, que é professor do curso de Direto da Universidade Estadual do Paraná em Marechal Cândido Rondon (onde está a sede do BPFron), afirma que a rota do contrabando, que antes passava praticamente no meio da cidade, não é mais uma realidade.
“Temos um efetivo policial atuando dia e noite no combate à criminalidade. Isso favorece um melhor controle e mais efetividade no sentido de inibir a prática de atos criminosos. A própria população se sente mais segura, tem mais sensação de segurança”, ressaltou Kist.
COOPERAÇÃO – O BPFron atua em 139 municípios paranaenses localizados na chamada “faixa de fronteira” – próximos da linha fronteiriça com Argentina e Paraguai. As ações são feitas principalmente em áreas de difícil acesso, rotas do contrabando, como estradas rurais e ao logo do Lago de Itaipu – que de norte a sul do Paraná possui mais de 1.300 quilômetros de margem vulneráveis a instalações de portos clandestinos. A principal dificuldade, segundo o comando do batalhão, é blindar totalmente a fronteira.
O sociólogo Renato Lima afirma ser praticamente impossível cobrir integralmente uma região de fronteira. Ele cita como exemplo a fronteira entre Estados Unidos e México. “Com todo o dinheiro que eles têm e todos os recursos tecnológicos disponíveis, a fronteira não é completamente impermeável”, diz Lima. “A saída é aumentar a cooperação, aumentar a capacidade de intercâmbio de informações, estabelecendo critérios comuns entre forças policiais”, sugere.
Para ele, a troca de informações entre polícias estaduais, polícias federais e com forças de segurança de países vizinhos é fundamental para mapear a rota do crime e combatê-lo. “Cooperação regional é o fator central para o desenvolvimento da região da América do Sul e, acima de tudo, é a saída pra que a gente consiga quebrar a espinha dorsal das rotas do crime e da violência”.
Lima elogiou as ações integradas realizadas pelo BPFron e reforçou que cooperação é o ponto crucial para ter eficiência nestas regiões. O BPFron realiza diversas operações integradas. São exemplo as operações Ágata VI e Ágata VII, do Exército Brasileiro; Operação Fronteira Blindada, da Receita Federal; e Operação Nhapecani, da PM do Paraná.
APROVAÇÃO – Os primeiros a sentirem mudanças na segurança foram os moradores da cidade de Marechal Cândido Rondon, a cerca de 580 quilômetros de Curitiba. “A vinda do BPFron foi ótima, porque com isso trouxe mais segurança pra todos nós. A gente acaba tendo mais confiança, mais segurança”, conta Michele Herpch, de 31 anos.
Aposentado há quase 10 anos, Pedro Schulmann, 69 anos, que costuma se reunir com amigos em um botequim na beira da estrada que corta a cidade, disse que nunca viu a rodovia tão tranquila. “O batalhão trouxe sensação de mais segurança”, afirma ele.
Em um ano de funcionamento, o BPFron apreendeu quase duas toneladas de drogas e barrou a entrada de cerca de 5 mil volumes de contrabando, avaliados em R$ 25 milhões. Foram apreendidas, também, mais de cinco mil caixas de cigarros contrabandeados, equivalente a R$ 1,8 milhão. Os policiais cumpriram 24 mandados de prisão, fizeram 101 prisões em flagrante e apreenderam 269 veículos.
Neste primeiro ano de existência, o efetivo policial do BPFron passou de 90 para 119 homens e mais 60 novos policiais serão incorporados assim que concluírem o curso da PM. A frota de viaturas dobrou no último mês, com a entrega de mais dez Pajeros, que são totalmente equipadas para o policiamento em áreas de difícil acesso. A unidade também conta com seis motocicletas, uma van e uma embarcação.
Duas novas unidades devem ser instaladas ainda neste ano para reforçar e descentralizar a cobertura na fronteira: a 2ª Companhia de Fronteira, que ficará em Guaíra, e a 3ª Companhia, que terá sede em Santo Antônio do Sudoeste.
Confira o áudio desta notícia